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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Saio. Páro, escuto, olho; Avanço; O vento gelado de uma manhã de Inverno bate-me na cara à medida que sigo. Ardem-me agora os lábios, queimados do frio, a minha pele está pálida, clara, não que isso seja anormal em mim, mas o contacto com a brisa acentua esta palidez, repuxa-me a pele.
Continuo, com passos lentos, concisos, firmes; Mil coisas me vêm ao pensamento, coisas sem sentido, recordações breves, mas apenas uma me é realmente familiar, Tu.
Tu? Não! Não posso pensar em ti, tenho que me libertar!
Começo a correr, cada vez mais depressa, avanço sem destino nenhum.
Pára!
Senti necessidade de parar; Olho à minha volta, não estou muito longe de casa.
Avanço, desta vez no caminho de regresso. O vento continua a bater-me na cara, ardem-me ainda os lábios, vermelhos, e a minha pele (ainda) está pálida, clara, lúcida...
E Tu? Tu continuas em mim, continuas, como a brisa gelada e calma completa as manhãs de Inverno; Diria que continuas em mim, mas de uma maneira mais calma.
Olho o céu; Começa a chover. Mesmo com a chuva os meus passos não se alteram, continuam lentos, mas breves, firmes. Sinto a chuva a molhar-me o corpo, só quero chegar a casa, nem sei bem por que saí; Terá sido porque já imaginava que ia pensar em ti e nao podia? (Para variar).
Continuo, mas com passos mais apressados.
Cheguei. Nem acredito que cheguei finalmente a casa. Parece que estive fora durante horas.
As minhas roupas estão encharcadas, o meu cabelo ensopado. Bonito! O meu pensamento dominou-me, e o resultado foi este...
Como diria Fernando Pessoa: "Pensar incomoda como andar à chuva/Quando o vento cresce e parece que chove mais."... Mas talvez eu não queira deixar de pensar em ti, será talvez um querer que apareças no meu pensamento de maneira diferente, nao deixando que ele me incomode.

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